sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Loucura!

O sol ainda nem levantou e eu já estou de pé, banho tomado, cabelos arrumados, livros, livros e mais livros na mochila, celular no bolso, crachá na bolsa.
-"Vamos lá, falta pouco!"
Aham, falta pouco, mas esse pouco que falta é o muito que eu queria pra descansar, pra aproveitar meus amigos, pra viver um amor, pra cuidar de mim, enfim.
-"É medicina po, tu tem que estudar mesmo!"
Eu já sei, por#@! Soube disso no dia que optei por essa loucura; essa vida de privação.
É assim, a vida tá parecendo mais com uma batalha:
Amigos x Física
Festa x Biologia
Cinema x Química
Acordar tarde no domingo x Redação
Namorado x Matemática
Festa do pijama x História
Ver fotos antigas x Geografia
(...)
' E o vencedor é... é... O VESTIBULAR TÁ CHEGANDO!'
Coooooooooooorre! Não vai dar tempo de terminar Termodinâmica daqui até lá, e Eletrostática então, nem se fala. Por#@, eu preciso mesmo conhecer a anatomia interna de um caramujo? Eu preciso mesmo saber como é a digestão dos ruminates?
Boca > Rúmem > Retículo > Boca > Omaso > Abômaso > Intestino.
"E aí, entendeu?"
"Ã? Entendi foi naaaaada! Minha cabeça ainda tá processando R=mv/qB (Raimunda, minha vizinha, que beleza!)"
Lágrimas!
Lágrimas?
Espera, espera, espera... LÁGRIMAS?
Put@ q%# par¨$!
Saudade.
Amigos.
SAUDADE DOS AMIGOS.
Brincadeiras no almoço.
Brincadeiras depois do almoço.
Brincadeiras nas horas de estudo.
Falta pouco! Falta muito. :S

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mais uma vez...

Talvez, a emoção tenha me embaraçado a vista e as palpitações do seu coração, soado como uma música que acalma, enquanto o monstro invisível, que se chama tempo, passava por nós. A loucura da cidade, as propostas loucas, as loucas ideias e os sensatos sentimentos, todo o barulho era nada à vista da sua voz, o cheiro de pneus queimando o asfalto, era nada à vista do cheiro que você exalava e que impregnou minhas roupas e meus cabelos, as luzes dos prédios, eram nada à vista da luz dos seus olhos, e o frio - ah o frio! - nunca me causou arrepios como os que você me causa.
Talvez, eu derrame lágrimas, lágrimas de saudade. Saudade do seu abraço, saudade do seu beijo, saudade das suas brincadeiras, saudade de como você me fazia sentir pequena quando envolta nos teus braços, e de como você me fazia sentir segura. Talvez eu até derrame lágrimas de raiva, raiva de mim, por não ter aproveitado mais intensamente, se não a melhor, uma das melhores fases da minha vida. Mas chorarei com orgulho, porque chorarei de saudade, e será um pranto puro, tanto quanto o sentimento que cultivarei em eternidade.
Talvez, eu devesse confessar que já tentei te odiar, talvez eu devesse - e só devesse - esclarecer que você faz parte dos meus melhores planos e dos meus mais belos sonhos. Eu poderia te contar todos os segredos que guardo comigo, compartilhar o meu melhor e fazer você acreditar no que eu sinto, mas o egocentrismo é uma cólera que insiste em me dominar. Enquanto isso, eu espero - e esperarei até quando viva estiver - pelo "NÓS" que eu construí na minha realidade utópica.

sábado, 13 de novembro de 2010

Condicional

Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo o céu
Fiz de tudo o cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios
Eu quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor de fel
É de cortar.
Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
O que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu, muito bem
Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios
Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar
Quanta intenção
Eu vivia preso
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais?
Que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê?
Não sei mais
Os dias que eu me vejo só
São dias que eu me encontro mais
E mesmo assim eu sei tão bem
existe alguém pra me libertar.

(Composição de Rodrigo Amarante)

sábado, 6 de novembro de 2010

06-11

E se eu não passar no vestibular?
E se tudo o que eu fiz até hoje, não adiantar?
E se nem um pouco - nem um pouquinho - do meu esforço valer à pena?
E se eu perder mais um ano da minha vida?
A insegurança é um prato cheio para essas perguntas que te deixam sem resposta. Não adianta tentar relaxar, pelo menos, não agora.
Eu só preciso pensar que tudo - tudo mesmo - valeu muito à pena, até o fato de trocar as coisas mais importantes e essenciais da vida, só pela dedicação à essa prova. Trocar meus instantes de felicidade por um livro de biologia aberto na mesa. Trocar meus momentos por uma aula de física. Trocar meus amigos por horas de estudo... enfim.
Só carregamos nas costas o que podemos, e podemos muito.
Cruzei os dedos, fechei os olhos e orei. Orei pelos meus amigos, orei pelos concorrentes, orei por mim.
Vai dar tudo certo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Desabafo

Pressão vinda de todos os lados. Ando me sentindo um mergulhador que ultrapassou o nível permitido; me sinto pressionada, e só. "Tudo depende de você" tudo bem, eu já sei disso, afinal, ninguém pode fazer as coisas por mim, certo?! Fico desejando que o dia tenha o dobro de tempo e me imagino vivendo assim, 48 horas por dia. Visitar amigos, encontrar um amor, sair com a família, viajar, descansar, enfim. Troquei tudo isso e mais um pouco pela loucura - sim, LOU-CU-RA - que é a preparação para o louco - LOU-CO - curso de medicina. Louco, mas tão sonhado curso de medicina. Tão sonhado, mas tão banalizado curso de medicina.
Uma descarga de autoestima aqui, um pouquinho de moral alí, dias e mais dias sem almoço ou jantar ("Não pode menina,tem que comer". É verdade, tenho que comer, afinal de contas, C6H12O6 + O2 → 6 CO2 + 6 H2O + energia. Energia esta, que eu preciso e MUITO.) uma notinha alta aqui, uma notinha baixa alí, uma questão dificílima aqui, lágrimas e labuta, suor e dores de cabeça cada vez mais fortes, juntando tudo, BRANCO. Alerta vermelho!
- "Relaxe que isso é normal."
- "É O QUE? Para né?! Por favor, PA-RA! Branco é normal? Tá louco? Como eu vou fazer a porcaria da prova se DEU BRANCO?"
- "Deixa de frescura menina, todo ano é a mesma coisa... se acalma."
- "MAS EU ESTOU CAAAAALMA! (:@)"
Tudo bem, nem tão calma e eu assumo. Cada dia que passa, é menos tempo, é menos oportunidade, é MAIS branco.
Insegurança! Eu não sei como lidar com isso. Não sei. Não tem jeito. A juventude é mesmo dúbia; maturidade para lidar com decisões que serão eternas e nem um - unzinho que seja - pingo de segurança para lidar com outras situações.
Memória. Lembro da hora que decidi: "VOU FAZER MEDICINA.", Deus, quanta convicção.
Acredito que as únicas coisas que me transmitem calma, pelo menos nessa reta final, são... é... hmm...
- "NADA ME TRANSMITE CALMA? PUT#$ QUE PA%&$*@#"
- "Minha filha, venha cá, tome esse calmantezinho."
- "ÉÉÉ O QUE? TÁ DOIDA MÃE? CALMANTE? QUER ME POR PRA DORMIR NA HORA DA PROVA?"
Não tem jeito, não tem calmante que me acalme, a não ser ver meu nome estampado no listão.
Eu só aceito esses momentos de desequilíbrio, porque nunca me disseram que seria fácil, apenas me disseram que valeria à pena.