terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Enlouqueço


Eu grito. 
Grito mais alto. 
Grito com força. 
Com toda a força. 
Ninguém me escuta.
Eu sei que não vou conseguir sozinha. 
Enlouqueço.
Tento. 
Tento de novo. 
Tento levantar. 
Perco as forças. 
Minha mente não processa. 
Não tenho ideias.
Não tenho ideais. 
Perco o fio da meada. 
Me desespero. 
Enlouqueço. 
Passo a habitar o mundo da fantasia.
O real, dá lugar ao abstrato.
Confusão.
Eu existo por pensar?
Penso por existir?
Passo a bola pro outro de mim que existe aqui dentro.
50 de mim.
Iguais.
Metódicos.
50 em 1.
1 em 1 milhão.
Peco.
Peço.
Abro a mente.
Sucumbo.
Enlouqueço.
(Pâmella Acioli)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Coragem

Tanto de nós em tão pouco tempo e quase nada de cada um é o que resta. 
A escolha entre o inteiro e a metade; a parte. A parte da partida que deixou uma dor na despedida e fez surgir o desejo de querer te esquecer por um segundo. Mas droga, era só um segundo e nem isso permitiram.
A parte que mais dói é a de te ver de longe, com sua eterna dificuldade de fincar os pés no chão. Sua eterna dificuldade. Sua cara de quem finge preocupação ao me ver chorar no pátio - Sim! - choro que nem uma louca, desesperada só porque eu preciso de você e isso não faz a mínima diferença. 
Sabe esse vínculo que a gente cria com quem não pode criar? Essa coisa de não conseguir segurar as palavras na boca, essa coisa de se permitir, de sentir as pernas tremerem, de sentir o corpo arrepiar, essa coisa de não conseguir dormir sem pensar na pessoa. 
Aí começa: você projeta uma imagem perfeita do outro, projeta uma imagem que não vai poder ser destruída, mesmo que você queira e você inclui o outro nos seus planos para o futuro - ééééé, você tem planos para o futuro. 
Você não aguenta mais olhar pra ele de longe, você quer estar perto, cercando-o, você deseja aquela troca de carinho e você sonha com ele. 
Uma pergunta. 
Você se dá o direito de fazer uma pergunta pra ele. 
Suas pernas tremem porque você está se aproximando dele, seu coração já está na boca, sua língua está travada, sua boca está seca, tem um filme rodando na sua cabeça, sua distonia está acentuada (esses seus problemas mitocondriais que te faz exigir uma toalha), você está muito preocupada com tudo, você pensa em não tropeçar, pensa em não torcer o pé, pensa em rebolar sem ser vulgar, pensa em jogar o cabelo, pensa em apertar os olhos - daquele jeito que ele gosta - pensa no tom de voz e se dá conta de que ele está à alguns centímetros de você. Você para. Ele percebe que você está alí, mas faz de conta que não. 
Você o toca com suavidade, pede licença, senta na cadeira do lado - e é claro que nesse momento, tudo o que você pensou até agora já foi pro brejo - e resolve falar sem nem saber se ele tem algo pra dizer. 
E você diz: "preciso te fazer uma pergunta importante.". 
Você espera o aval do patético que te confirma só com o meio sorriso de canto de boca - aquele que você adora - e lá vai a menina guerreira mais uma vez: "ok, preciso saber se tudo o que" e você é interrompida por um calor, um calor que você lembra muito bem pelo que é causado. SIM! Ele te beijou, ele nem esperou você terminar a pergunta e te beijou. 
E você ouviu ele te falando baixinho, quase que num sussurro: "isso responde qualquer pergunta."

sábado, 25 de dezembro de 2010

Um bom EX-emplo.

Vem cá, tira essa roupa molhada, pega essas toalhas que um dia foram tuas e que eu guardei com o teu cheiro ainda tão acentuado. Sinta-se em casa, só não dê de mexer na terceira gaveta da mesa de cabeceira, é lá onde eu guardo todas as cartas não lidas, todas as cartas não escritas, não dê de (re)mexer no passado que desde outrora já fora gasto. Não dê de acordar esse sentimento que dorme um sono leve. Entre, sente-se, tome um café que acabei de passar. Só não dê de falar, de novo, sobre meus livros bagunçados, não dê de reclamar do vazamento da pia da cozinha, eu juro que fiquei de chamar o encanador. Vai no quarto, mas não repara no porta-retrato que ainda guarda uma lembrança tua. Para aí, fica no corredor por um instante, de braços abertos esperando meu abraço, que era como você fazia todos os dias. Fica aí, com esse cabelo bagunçado, que me rendia uma eternidade pra desvencilhar meus dedos. Ouça! Se bem me lembro, essa é a nossa música. Sim! Ela está tocando de novo, eu devo ter deixado o computador ligado reproduzindo a pasta do Caetano. Vem aqui, a TV da sala tá ligada, senta no lado do sofá que você gostava, só não dê de reclamar do meu moleton cinza e por favor, não repara na tua camisa jogada no braço da cadeira, é que eu a usei ontem pra dormir. Ei! Passa o controle remoto, não vou deixar você continuar dominando minhas coisas. Você é o EX-emplo de quase tudo que o próximo não deve ser. Não se preocupa, eu só vou exigir que ele saiba cuidar de mim tão bem quanto você.

Vem aqui amor.

Não vai embora não. Me faz um bem danado te observar. Deixa a porta entreaberta, me deixa te ver, me deixa te tocar, me deixa sentir o que realmente está acontecendo. É tão bonito te ver e transformar meu dia cinza num colorido mágico. É tão bom sentir teu cheirinho de amor limpo; de amor puro. Não vai embora não, amor. Não me deixa aqui sozinha e sem saber o que fazer, não me deixa aqui sozinha pensando em ter você. Não me deixa não. Vem aqui amor, vem pra pertinho de mim. Vem amor, me mostrar o que você realmente sente, vem juntar teu sapato com o meu, vem amor, vem ver como a gente combina quando estamos juntos. Vem amor, vem se olhar no espelho do meu quarto ao me abraçar, vem me fazer sentir o peso da tua mão na minha cintura, vem amor. Vem pelo menos fingir que é meu, quem sabe de tanto fingir, você não passa a acreditar? Vem amor, vem ficar comigo, não vai embora não, me faz um bem danado te observar.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Como é que pode?

Ele chega assim, do nada, entra assim, com tudo, faz essa bagunça toda no meu coração e depois vai embora - ééééé, ele vai embora - sem me dar explicações.
Alguém me diz como é que pode? Esse individuo deveria pegar prisão perpétua por me fazer sofrer desse jeito.
Alguém por favor, me explica como é que pode? A gente se encontra, e o perfume dele gruda em mim de uma forma que eu não sei dizer. Alguém me diz o que eu faço pra tirar esse cheiro das minhas roupas e esse rosto da minha mente? Como é que pode? Ele vem, me arranca mil sorrisos, me deixa sem palavras e depois vai embora, como se nada houvesse acontecido. Me explica, agora, como ele consegue me dar aqueles beijos de tirar o fôlego, aqueles abraços de quebrar a coluna, como ele consegue me fazer ficar arrepiada só por ficar à milímetros de mim? COMO? Alguém me diz como ele consegue invadir meus sonhos, participar dos meus planos, roubar uma parte de mim e me deixar, só - eu disse: SÓ - com a lembrança dele? Ele consegue. SIM, ele consegue! Ele consegue fazer com que eu me perca na minha falta de juízo e pense que mais uma vez, o autor dos nossos destinos está escrevendo certo pelas nossas linhas que se não fossem tão tortas, provavelmente não se cruzariam.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Palavras definem o que você está.

Estático
Barulho
Loucura
Devaneios.
Déficit de atenção
Benzodiazepínicos
Medo
Maldade
Deslealdade
Tempo
Tempo
Tempo
Tempo estático
Vazio
Ambição
Sonho
Vida

domingo, 19 de dezembro de 2010

No vão das coisas simples é que a gente se encontra.

Quando só os menores gestos falam por mais de mil palavras, é que a gente se dá conta de que não poderíamos ter feito nem metade do que fizemos se não houvesse tido aquela troca de olhares com mil sorrisos contidos e mil palavras por verbalizar, que passaram despercebidos, tendo nós, fixado-nos somente no castanho de nossos olhos, tendo nós, esquecido do resto do mundo que continuava em movimento ininterrupto ao nosso redor.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Meu Deus é minha fé.

Deus: já ouvi diversas teses à respeito dessa força (?) mágica (?).
Não consigo concordar inteiramente com nenhuma delas, parece que sempre falta alguma coisa, ou existe alguma coisa que não deveria existir.
E é um tal de: "Sabe aquele cara barbudo que foi crucificado entre dois ladrões e que deu seu sangue para nos libertar dos pecados?" que irrita.
Quem disse que Jesus era barbudo? Quem disse? Quem pode me provar? Existem registros visuais? Aaaaaaah não?! Ok!
E é um tal de: "Não pecais" que irrita.
O que é pecado? Quem disse que isso aí que você pensou é pecado? Quem disse?
Pessoas que se baseiam em contos e fábulas; parábolas. Estranho, né?! É quem nem viver baseado na história da Branca de Neve e os Sete Anões.
É um tal de: "Deus fez o mundo em sete dias." que não acaba mais, sabe?!
Sete dias ou bilhões de anos?
Que força é essa? Mecânica? Elétrica? Elástica? É tipo, aquela força que produz uma energia que pode ser determinada por E = mc? NÃO?
Então é tipo, uma força que a gente não pode calcular? Estou entendendo... na medida do possível.
Mas vem cá, se é uma força, a gente não pode ver, certo?! Nem tocar, certo?! Hmmmm.
Então, me diga P-O-R Q-U-E diabos insistem em dizer que Deus é um velhinho, barbudinho e que está todo vestido de branco esperando a gente 'morrer'?
Alguém pode me dizer P-O-R Q-U-E diabos eu tenho que figurar a minha fé?
Meu Deus não tem cor, não tem raça, não tem sexo, não tem F-O-R-M-A; Meu Deus é minha fé.

O mau elemento

Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo.
Mania de ser bom moço, coisa chata.
Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder.
E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca.
Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode.
E aí passa a maior gostosa na rua e ele lá, idolatrando meu nariz. E aí o celular dele toca e ele, putz, perdeu a ligação porque demorou trinta mil horas pra desvencilhar os dedos do meu cabelo. Com tanto potencial pra me dar uns tapas, o moço adora me fazer carinho com a ponta dos dedos.
Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Trinta anos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça.
Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem!
E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata.
Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. Depois de trinta anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz?
Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. A fome voltou. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar? Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.

Tati Bernardi

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

04.12.2010

Não sei se você consegue perceber, mas estou tentando me afastar; é como se eu estivesse preparando o terreno para o que está por vir; é como se eu soubesse o que está por vir - e eu sei. Eu sei que o meu verão vai ser cheio de nuvens carregadas e que estas mesmas nuvens vão resolver bloquear os raios de sol que incidiriam sobre mim. Eu sei que te ver não vai ser suficiente, mas será somente o que poderá acontecer, se muito acontecer.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Obrigada

E agora que - de uma vez e pra sempre - acabou, eu ando procurando o chão, o meu chão que você roubou quando de sua partida, eu ando procurando o ar que eu perdi na despedida, eu ando procurando a parte de mim que você levou.
E agora que você foi embora, que meu peito chora, que minh'alma implora a sua volta, eu ando procurando as fotos de nós dois, e lembrando de tudo o que deixamos pra depois, eu ando te querendo cada dia mais.
E agora que meu pranto embaça a minha visão e que eu te vejo longe das minhas mãos, eu começo a pedir até em oração para que você perceba que ninguém, nunca vai te amar como eu.
E agora que meus dias são só solidão, eu passo a agradecer a você por todos os sorrisos, por todas as lições e por me ensinar a não confiar no meu amor e por me obrigar a me conhecer tão bem. Só não te agradeço por ter feito isso da pior maneira possível: me deixando sozinha.