terça-feira, 8 de março de 2011

Palavras de avó

Um dia resolvi me desfazer de uma das mais cruéis dúvidas que rondava a minha cabeça. Sentei na mesa da cozinha, passei um minuto eterno olhando para a minha avó que cozinhava, fazendo exalar aquele cheiro do melhor tempero do mundo e, como quem não queria nada, perguntei: 
- Vovó, por que as pessoas passam?
E ela respondeu:
- Por que as pessoas o que?
- Por que as pessoas passam, vó? Por que elas mentem dizendo que vão ficar pra sempre e passam? Por que elas vão embora e não deixam nada delas com a gente, a não ser o rosto na nossa cabeça?
E, com toda a sabedoria de vida que cabia no espaço, ela me respondeu:
- As pessoas passam porque se não fosse assim, o nosso coração superlotaria. As pessoas precisam passar, precisam levar um pouco de nós e deixar, nem que seja, só o rosto delas conosco. Já pensou se todo mundo que você conhecer na vida, resolver ficar para sempre como dizem? Não iria sobrar espaço no seu coração para tanta gente. É uma lei: primeiro, você conhece a pessoa, depois, aprende com ela e quando ela precisa ir, vai.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Quando em você acreditei, criei asas.

Tanta trivialidade, tanta importância, tanta falta de senso, tanta carência de nexo, tanta abstinência de nós, tudo isso, e mais um pouco, serviu tanto pra resumir o que eu sentia. O laço desatou, a carta rasgou, a flor murchou, tudo passou, eu fiquei, você não. Você foi... sem o último beijo, sem o último abraço, sem o último balançar de ancas, sem o último e mais intenso "eu te amo" que eu tinha guardado para a próxima vez. Você foi... e foi por opção, foi por falta, por excesso, foi por ir e por ficar bem. Estabilidade? Foi melhor pra mim? Por favor, não use palavras sem sentido, não ouse falar sobre o que não sabe, sobre o que não sente; não ouse falar sobre mim. Você nem sequer me conhece tão bem quanto pensa conhecer. Você parecia se importar, parecia até que sabia onde estava pisando, parecia que fazia de propósito. Você duvidava, teimava, fazia birra, deixava pra lá, esquecia, e era essa, a parte que mais doía. Você esquecia, simplesmente, esquecia. Falava e esquecia, fazia e esquecia, magoava e esquecia, esquecia, esquecia e esquecia, ou fingia que esquecia, fingia que ia, fingia que voltaria, que me amaria, um dia. Esse dia, hora estava perto, oras, longe o tempo todo. E você fingia tão bem que eu cheguei a acreditar.

Eu sinto tanto por nós.

Meter os pés pelas mãos; ficar sem saber o que fazer; fingir que, um dia, vamos dar certo; me preocupar com o que você vai pensar; tentar perder o foco quando você está por perto; acreditar que nada vai mudar o que eu sinto por você... tantas coisas que não são nada, se comparadas ao tanto de sentimento que eu trago no peito. E eu sinto tanto, que acabo sentindo por nós.