Eu, logo eu, que sempre andei tanto com os pés no chão. Eu, que passei esse tempo todo desacreditando em palavras bonitas e gestos sinceros, pulei o capítulo principal, rasguei a página introdutória, enfim, fiz pedaços da foto de capa. Bateu aquele cansaço, aquela coisa sôfrega de esperar por algo que não vem, e lembrei que "Não há nada a ser esperado. Nem desesperado" como já disse Caio Fernando Abreu. - Vamos lá garota, liga o som, muda a cor do quarto, sai desse poço, anda. Nunca foi tão difícil assim, né?! - Existem surpresas no caminho, existe um "sim" guardado num futuro que outrora se fez presente e agora faz parte do passado. Olha, quem sabe as coisas não vão começar a se acertar a partir do momento desejado, porque dizem que quando se deseja muito uma coisa - mas só quando se deseja com toda a sua alma - ela se realiza, ou sei lá, se concretiza.
Mas quem diria: eu, logo eu, que sempre andei com tanta cautela, que nunca precisei pedir trégua ou coisa parecida, agora estou aqui, tentando dar um jeito nessa feridinha que fizeram bem aqui dentro, bem aqui onde eu achava que ninguém poderia entrar, e olha, estou procurando o veneno pra matar a esperança que ficou, e aí vem Lulu Santos me lembrando que "Todo farol iluminará uma ponta de esperança" a cura, é mesmo de se admirar. Bem, confesso que não tá sendo fácil, logo pra mim, que sempre tive essa mania terrível de simplificar tudo, de cortar umas coisinhas daqui e exterminar outras d'alí, não tá sendo fácil, mas, qual é? Nunca me disseram que seria simples, me disseram, apenas, que valeria muito à pena. Uma hora a gente acaba fechando os olhos e se dando conta que a graça da vida está no aprendizado diário. Eis que vale muito à pena: acordar sentindo que o dia vai ser bom. E vai.