domingo, 27 de novembro de 2011

Fui restando

É que você me deixou saudade e um gosto de bem querer guardado no peito, me deixou vontade e uma sensação estranha de que, alguma coisa, um dia, vai dar certo. Ficou a esperança que reluta em ser alimentada pelos encontros repentinos, pelas ligações surpresa e pelo cheiro, característico, da linha que fica entre seu pescoço e seu ombro. Sobrou um calor no colo e um frio na espinha, uma poeira que faz meu nariz coçar, minhas bochechas avermelharem e minhas pupilas dilatarem, uma rasteira que, sempre, me faz tropeçar e parecer mais desastrada do que o normal. E restou você, e a lembrança da gente, e você, e seus cacos; seus pedaços, e você, e eu, pensando que você ainda está aqui, e você, e o doce do seu cabelo, da sua voz e o enorme do seu coração, e o buraco do meu. Fui restando...

domingo, 30 de outubro de 2011

Quando você se fez real.

Já não bastasse você olhando no meu olho, dizendo que me queria sua, ainda tinha que virar amor? Não bastasse você me segurando, cheirando meu cabelo, ainda tinha que virar desejo? Não bastasse você entranhando seu corpo no meu suor, ainda tinha que virar paixão? Toda a lírica esvaída, todo o ar tomado por um desejo intenso, toda a métrica desmetrificada; desmistificada. E o vácuo, dentro de mim, que você consegue preencher como ninguém. Não bastasse você conseguir roubar minha sanidade, ainda tinha que chegar com esse jeito manso, como quem chega pronto para roubar qualquer sorriso do mundo? E como se não bastasse você existir, ainda tinha que me completar, assim, tão desse jeito?

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tá difícil sem você aqui.


A semana acabou, a gente não se viu, e eu me pergunto: até quando esse amor vai durar em mim? Até quando vou esperar você bater na minha porta, só pra colocar meu cabelo atrás da orelha, dizendo o que eu espero ouvir desde o dia em que você decidiu não mais voltar? É, meu caro, tá difícil sem você aqui. Até quando vou querer fazer do seu abraço, meu pijama? E da sua respiração meu aquecedor? A sua presença deixava tudo mais colorido e fazia com que meu coração palpitasse extravagantemente e meu sangue dançasse no ritmo perfeito. Eu posso abrir as cortinas agora, esperar ver sua sombra dobrando a esquina da minha rua, e esperar ver seu cabelo deixando um rastro de luz, posso esperar sentir teu cheiro, que o vento faz o favor de trazer e ver teu dedo, nervoso, apertando o botão do interfone. Passar uma tarde inteira em um universo diferente, longe daqui, dentro de você. Onde nada faça sentido, onde tudo seja intenso demais pra ser esquecido. Apreciar o crepúsculo e ver chegar a noite, que promete teus dedos dançando no meu corpo e teu sorriso enchendo a casa de alguma coisa, que até agora, eu não sei exatamente o que é. Só sei que é bom, é bonito, é divino. Fingir que nada lá fora existe e que o amanhã está longe demais, mesmo sabendo que ele logo vai chegar e te levar embora e eu vou ficar aqui, catando seus vestígios em mim, catando seus fios de cabelo perdidos entre os lençóis, lembrando de cada detalhe e pensando se, daqui a 50 anos, vou ter teu sorriso, se vou ter esse teu cheiro característico, que gruda em mim quando você sai, se vou poder pegar na tua mão e melancolicamente esboçar um sorriso doloroso, cheio do medo da perda. Assim, exatamente do jeito que faço hoje, quando o despertador toca e insiste em avisar que você precisa ir e que, talvez, vá demorar a ter coragem de vir aqui de novo, viver uma vontade que mais parece ser unilateral.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Quanto querer


Quero você segurando as minhas mãos quando eu chegar aí e dizendo, com os olhos, o quanto me ama, que sempre me amou e que não vai mais me soltar. Quero a sua força abrindo meu vestido e seus versos falando tudo o que eu preciso ouvir. Quero a suavidade do seu toque na minha nuca e todo o seu destrambelhamento na cômoda. Quero abrir as gavetas com você e me desesperar por ter perdido a hora e a roupa, mais uma vez. Quero, de novo, meu suor com teu cheiro e meu batom no teu peito. Quero tudo, só pra ver se consigo fazer florescer sorrisos dentro da gente.

sábado, 9 de julho de 2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

E se não fosse você...


Não fosse amor, não haveria desejo, nem medo da solidão. 
Se não fosse amor não haveria saudade, nem o meu pensamento o tempo todo em você.
(Caio Fernando Abreu)

De trás para frente

Partiram.
Certos de que um dia, um dia, iriam se encontrar outra vez. 
20 anos, quem sabe, ou 20 dias. 
Uma eternidade presa em um único segundo de despedida. 
Não estava nada bem, nada claro, nada colorido. 
Eles não passavam de um cinza. 
Discutiam, discutiam, discutiam e muito sobre o que seriam depois, isso se viessem a ser um depois, um talvez, esperando a certeza, duvidando do sempre. 
Estavam bem juntos, e bem levavam, bem queriam, eram bem. 
Escolheram ser um; dois em um. 
Viveram, eternizaram, buscaram um ao outro, como quem busca o tudo. 
Amaram-se. 
Odiaram-se. 
Conheceram-se. 
Estavam dispostos. Apenas.

sábado, 21 de maio de 2011

Sobre amor; amar.

Sabe aquele amor que tem gosto de velho; de guardado, um amor que tem cheiro de naftalina, tem aspecto de usado; estraçalhado, aquele amor efêmero, que insiste em ser efêmero várias vezes na vida?! Um amor teimoso, com cor de pecado e olhos de salvação, um amor com abraço apertado, com cabelos esvoaçantes; gritantes. Esse amor que faz o mal se esvair. Um amor que tem diamantes no lugar dos ouvidos, que respira a fome de amar, que se alimenta de amantes. Um amor que sabe ser amor e sabe ser "presença&atitude&respeito&váriosoutros&s". Sabe aquele amor de "gaveta de cartas", de caneta tinteiro, de serenatas?! O mesmo amor de fogo e baldes de água fria, o mesmo amor de calos e feridas. Um amor que fala a língua do mundo em uma só pessoa.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Aprendeu?

Eu, logo eu, que sempre andei tanto com os pés no chão. Eu, que passei esse tempo todo desacreditando em palavras bonitas e gestos sinceros, pulei o capítulo principal, rasguei a página introdutória, enfim, fiz pedaços da foto de capa. Bateu aquele cansaço, aquela coisa sôfrega de esperar por algo que não vem, e lembrei que "Não há nada a ser esperado. Nem desesperado" como já disse Caio Fernando Abreu. - Vamos lá garota, liga o som, muda a cor do quarto, sai desse poço, anda. Nunca foi tão difícil assim, né?! - Existem surpresas no caminho, existe um "sim" guardado num futuro que outrora se fez presente e agora faz parte do passado. Olha, quem sabe as coisas não vão começar a se acertar a partir do momento desejado, porque dizem que quando se deseja muito uma coisa - mas só quando se deseja com toda a sua alma - ela se realiza, ou sei lá, se concretiza.
Mas quem diria: eu, logo eu, que sempre andei com tanta cautela, que nunca precisei pedir trégua ou coisa parecida, agora estou aqui, tentando dar um jeito nessa feridinha que fizeram bem aqui dentro, bem aqui onde eu achava que ninguém poderia entrar, e olha, estou procurando o veneno pra matar a esperança que ficou, e aí vem Lulu Santos me lembrando que "Todo farol iluminará uma ponta de esperança" a cura, é mesmo de se admirar. Bem, confesso que não tá sendo fácil, logo pra mim, que sempre tive essa mania terrível de simplificar tudo, de cortar umas coisinhas daqui e exterminar outras d'alí, não tá sendo fácil, mas, qual é? Nunca me disseram que seria simples, me disseram, apenas, que valeria muito à pena. Uma hora a gente  acaba fechando os olhos e se dando conta que a graça da vida está no aprendizado diário. Eis  que vale muito à pena: acordar sentindo que o dia vai ser bom. E vai.

sábado, 23 de abril de 2011

23.04.2011

Quando eu penso que a gente passou, vem a saudade e olha o que ela faz: revigora - RE VI GO RA - dá pra acreditar?

XIII V MCMXL

"Perguntam-me qual é o nosso objetivo? Posso responder com uma só palavra: Vitória - vitória a todo o custo, vitória a despeito de todo o terror, vitória por mais longo e difícil que possa ser o caminho que a ela nos conduz; porque sem a vitória não sobreviveremos." - Winston Churchill

Me deixar, te fazer aqui.


Uma eternidade para desvencilhar os dedos dos teus cabelos.
Tão só, nem isso para desatar os nós da gente.
Os sentidos não fazem sentido, quando respirar teu cheiro me faz perceber que qualquer demora na tua presença é um sem fim de sensações.
Tantas linhas cruzadas, tantos “nãos” e “porquês?”. Por que?
Tantos “se”s e talvez.
Tanto de nós em tão pouco tempo, tanto de mim.
Um explodir de novas emoções.
Invasões.
Quero você aqui, quero sua força, sua facilidade em abrir potes; em abrir corações. Quero sua perfeita imperfeição, acordando-me no domingo e deixando a luz entrar pelas frestas da janela, iluminar seus pelos, e me tirar o fôlego, como sempre, como nunca.
Tanto tato, arrepio-me e vou, me deixo ser tão tua. Tão tua.
Vem aqui, que pra ser um só é preciso, antes, sermos dois.
É que nessas tantas aventuras nossas, eu daria tudo, tudinho pra não te soltar nunca mais.
Reticenciar você em mim.


Fragmentos de Tati B., Priscila R. e Caio F.

sábado, 2 de abril de 2011

2 x 1

Eu quero ser mais do que uma simples demora, do que uma angustiante espera, quero ser teu eterno quando o eterno não fizer mais presença, quero ser mais do que uma simples alegria contida numa tarde de domingo, quero ser acalanto, quero ser clarão. Quero segurar tua mão e pedir pra que você não me solte, quero dizer que você pode respirar, pode viver e pode ser comigo. Quero colocar em prática o plano de dormir na rede, de usar sua camisa do futebol, quero enfeitar nossa história com gargalhadas e arrepios, quero acordar pela manhã sentindo teu cheiro e ouvindo tua respiração, quero ser morada de carinho, quero te encher de beijinhos, enrolar teu cabelo no meu dedo e te fazer dormir no meu colo. Quero ser presença. Quero ser tua.

terça-feira, 8 de março de 2011

Palavras de avó

Um dia resolvi me desfazer de uma das mais cruéis dúvidas que rondava a minha cabeça. Sentei na mesa da cozinha, passei um minuto eterno olhando para a minha avó que cozinhava, fazendo exalar aquele cheiro do melhor tempero do mundo e, como quem não queria nada, perguntei: 
- Vovó, por que as pessoas passam?
E ela respondeu:
- Por que as pessoas o que?
- Por que as pessoas passam, vó? Por que elas mentem dizendo que vão ficar pra sempre e passam? Por que elas vão embora e não deixam nada delas com a gente, a não ser o rosto na nossa cabeça?
E, com toda a sabedoria de vida que cabia no espaço, ela me respondeu:
- As pessoas passam porque se não fosse assim, o nosso coração superlotaria. As pessoas precisam passar, precisam levar um pouco de nós e deixar, nem que seja, só o rosto delas conosco. Já pensou se todo mundo que você conhecer na vida, resolver ficar para sempre como dizem? Não iria sobrar espaço no seu coração para tanta gente. É uma lei: primeiro, você conhece a pessoa, depois, aprende com ela e quando ela precisa ir, vai.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Quando em você acreditei, criei asas.

Tanta trivialidade, tanta importância, tanta falta de senso, tanta carência de nexo, tanta abstinência de nós, tudo isso, e mais um pouco, serviu tanto pra resumir o que eu sentia. O laço desatou, a carta rasgou, a flor murchou, tudo passou, eu fiquei, você não. Você foi... sem o último beijo, sem o último abraço, sem o último balançar de ancas, sem o último e mais intenso "eu te amo" que eu tinha guardado para a próxima vez. Você foi... e foi por opção, foi por falta, por excesso, foi por ir e por ficar bem. Estabilidade? Foi melhor pra mim? Por favor, não use palavras sem sentido, não ouse falar sobre o que não sabe, sobre o que não sente; não ouse falar sobre mim. Você nem sequer me conhece tão bem quanto pensa conhecer. Você parecia se importar, parecia até que sabia onde estava pisando, parecia que fazia de propósito. Você duvidava, teimava, fazia birra, deixava pra lá, esquecia, e era essa, a parte que mais doía. Você esquecia, simplesmente, esquecia. Falava e esquecia, fazia e esquecia, magoava e esquecia, esquecia, esquecia e esquecia, ou fingia que esquecia, fingia que ia, fingia que voltaria, que me amaria, um dia. Esse dia, hora estava perto, oras, longe o tempo todo. E você fingia tão bem que eu cheguei a acreditar.

Eu sinto tanto por nós.

Meter os pés pelas mãos; ficar sem saber o que fazer; fingir que, um dia, vamos dar certo; me preocupar com o que você vai pensar; tentar perder o foco quando você está por perto; acreditar que nada vai mudar o que eu sinto por você... tantas coisas que não são nada, se comparadas ao tanto de sentimento que eu trago no peito. E eu sinto tanto, que acabo sentindo por nós.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sobre amor e demasias

Amor demais, faz mal demais. São palavras demais, vontades demais, pensamentos demais, sorrisos demais, é paixão demais, mesmo quando a presença se faz "de menos".

Querido coração,

acordei sentindo sua falta, era como se, realmente, um vazio preenchesse todos os espaços que sobravam em mim. Passei a não conseguir mais amar - pelo menos, não outra pessoa -, não conseguia sentir mais aquele aperto, nem nada parecido. Isso era estranho, pelo costume de sentir você batendo e querendo pular do meu peito, e aí, você sumiu; não está mais aqui. E então, o que me resta? Já percebi que você não vai voltar nem tão cedo, percebi que você resolveu se algemar à ele e jogar as chaves no lago mais próximo. Vou ter que seguir com o RESTO do corpo e toda a alma que me sobrou.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Remember me

Eu não quero que você seja só minhas mãos afagando meu peito doente de uma saudade que não tem data pra terminar, nem que faça das minhas lágrimas sua piscina. Não se permita ser o tudo do nada pra mim e não permita que eu seja o nada do "qualquer coisa" pra você, porque cair no seu esquecimento, seria como não mais existir.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Por você

Ele tem o dom de me fazer chorar apenas com seu silêncio. E ele faz, como que de propósito, só pra ver o quanto eu aguento ou o quanto eu posso aguentar. Parece um teste de sobrevivência no qual o meu limite é inválido. Eu cansei do seu esquema. Cansei de tentar desvendar teus segredos ou descobrir o que vive debaixo do brilho dos teus olhos. Eu quero é revelar suas mentiras, me desapegar das suas verdades, deixar meu coração bater - livre, eu quero me livrar de todas as algemas que me prendem à você. Minha cabeça precisa parar de borbulhar de pensamentos que me remetem à ti, eu preciso me desvencilhar dos teus (a)braços, preciso me desligar do seu mundo. É pro meu bem, só pro meu bem. Aliás, é pro seu bem também. [invisível]Já pensou em acordar sem ter que ler um torpedo da insuportável garotinha dramática e excessivamente romântica?[/invisível]. Vai doer, mais em mim do que em você - se é que em você vai doer, é claro - mas vai passar, porque tudo passa. To de cara lavada, tá salgada, mas tá lavada. To de alma limpa, de peito aberto, decisão tomada, olhos marejados e fora do seu mundo, por opção ou pela falta dela. Por você. Por mim.

12.02

Vai inteiro, porque o pouco que tu deixaste aqui, já não me é suficiente. Um passo; uma lição. Entendi que o que importa na vida, é sentir o peito apertado de saudade, mas uma saudade que é sentida à dois, uma saudade que não é inteiramente saudade, é só distância. Porque nada nesse mundo é mais forte do que a minha vontade, eu opto por acordar com vontade de viver - hoje como se fosse o último dia - pra mim. Ideais que não deram certo, amanhecem na lata do lixo memorial, pessoas também, sabia?! E na verdade, a gente nem sabe quem realmente vai amanhecer por lá. Todo mundo, um dia, cansa do "talvez" e do "a vida é assim mesmo". Todo mundo, um dia, aprende que amor de verdade, só amor próprio.

Pra todo dia

É uma espera incansável e ilimitada que nem sei, na verdade, onde isso vai dar. Nem sei, na verdade, quanto ainda irei esperar. Deposito quilos de confiança num futuro que usa dúvidas como unidade de medida. "Não sei", agora, é dito numa voz embargada pela solidão, e o "adeus" anda embriagado com vodka e lágrimas. A mistura não é das melhores, mas é o que se tem para hoje, amanhã e depois.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Sem ele não sou"

Eu já não penso mais em mim como sendo "Eu",
como sendo só,
como sendo uma.
Penso em mim como sendo mar,
como sendo sol,
como sendo nós,
como sendo tua.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O meu inferno é diferente.

Não sei se tenho feito tudo certo, tampouco sei se iria querer fazê-lo. Tenho procurado fazer o melhor que posso, tenho percebido que o melhor que posso, não é suficiente e tenho caído sete vezes oito.
É impossível prever o futuro, eu sei. Estou quase me conformando com a incerteza de uma vida que vai ser cheia de dúvidas. E como eu sei que ela vai ser assim? Ora pois, não é este o papel da vida? Lotar os campos de interrogações?!
Existem tantas coisas que tentam prender a gente, e a gente se deixa levar, mesmo quando o desejo é de liberdade total. Outras vezes, somos presos por opção - leia-se: paixão. 
O pior de tudo é o sentimento de culpa, de fracasso e de angústia que termina te cercando por tempo indeterminado. E você chora. Chora porque acha que nada vai dar certo, chora porque vê no futuro uma enorme&gritante&colorida interrogação. Chora porque não vê ninguém do seu lado te estendendo a mão.
No fundo, você sabe que tem força pra levantar sozinho, e levanta. Em prantos, mas levanta.
O choro tem se tornado um amigo fiel, não é mesmo?! E é por isso que o meu inferno não me queima, ele me afoga.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Sobre anjos e anjos

Não precisa de muita coisa quando é de você que vem o incompleto. Só precisa que seja, realmente, incompleto para que haja um ligeiro encaixe. De anjos, a gente precisa - todo mundo precisa - mas poxa anjo, seja incompleto. É minha prece do dia: seja IM-COM-PLE-TO. Porque completo, vindo de você, me soa como perfeito e eu, to correndo da perfeição já tem um tempo. Me faz mal, vai, me faz péssima. Não cumpra seu papel de anjo. Não me proteja, não zele por mim, não me guarde, não me governe, só me ilumine; eu preciso da sua luz. Vem e me faz mal, porque até me fazendo mal, você me faz um bem danado.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ana Maria Alves - Eternas saudades

Leviana vida, leve Ana
Pra bem longe, vida leviana
Intrigas com tantos "por que - s"
Sobre Ana, a cigana
De encantos e doces palavras
De massagens, pais e filhos
De sorrisos nos olhos
De abraços sofridos
Pra que vida carregas Ana?
Pra que mundo?
Tem sereias neste mundo?
Tem céu anil?
Tem dúvidas nesse mundo?
Ana cumpre sua sentença.
Deixa em todos a crença, de um mundo melhor.
Deliberadamente trazes todos até aqui, leviAna
Tão pouco queres, tampouco querer.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Você me dói.

Porque você me dói metade, o que dói mais do que doer inteiro. Você me dói presente tanto quanto ausente. Você me dói a todo custo, a toda dor. Você me dói muito mais quando de partida, me dói numa saudade ferida. Você se faz (f)util, se faz meio termo, se faz agonia. Você me dói e só.
Sem sentido como nós que nunca fizemos
[sentido].

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Basta

Às vezes, eu só deixo as coisas passarem, assim, como quem não quer nada, deixo os ventos tomando conta das minhas casas feitas de palha. É. Eu deixo pra lá, finjo que não ligo, finjo que não é importante pra mim, finjo que não vivo. Me deixa aqui fingindo, o tempo todo, que não quero a vida que planejei com tanto afinco e que quis com tanto querer, afinal, é isso que eu quero - agora. Quando as coisas passarem, prometo que vou ficar, prometo que vou criar novas coisas, prometo que vou ser feliz - seja a felicidade o que for, prometo que vou parar de prometer, enfim. E quando o ausente pessimismo voltar, avisa pra ele que eu já fui, me mandei pra bem longe. Eu quero da vida, a parte que me cabe, sendo a parte que me cabe, a parte que eu construí e quis, quando nada era meu, eu quis e assim foi feito. Quando tudo ia, eu estava, não estava? Quando os sentidos não fizerem mais sentido, faça-se sentir. Basta.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"É que seu destino está escrito no meu."

"O amor tem formas, formas, aromas,
Vozes, causas, sintomas..."
(Paulinho Moska)


É que seu desenho está estampado no vão dos meus olhos, e quando a gente tá assim, tão perto um do outro, eu não consigo pensar em mais nada, a não ser na deliciosa e aconchegante sensação do teu corpo colado no meu.
É que seus dedos estão tentando se desvencilhar dos meus cabelos, e eu não me permito afastar nem um único milímetro de você.
É que seu cheiro invade minhas narinas, faz acordar minha memória olfativa, e eu não reluto em me entregar.
É que o seu amor me agarra num todo, num tudo, num nada, assim, num instante repentino que me prende por uma eternidade.
É que seu destino está escrito no meu.

11.01.2011

O fato, é que a gente nunca sabe o que quer de verdade; a gente nunca abre a boca pra dizer que está se sentindo completamente bem ou indubitavelmente completo.
A gente tem que resolver o que quer fazer, a gente tem que impor limites e derrubar barreiras.
É assim, meu caro, tudo é quase nada e nada vale mais do que tudo.
Nessa vida, não se pode voltar atrás. Cada ato é como uma decisão irrevogável.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Espera


É que eu quero você assim, sem erros e sem pecados,
quero você como o santo quer reza.
E eu amo você assim, sem metades e sem acasos,
amo você como se deve amar alguém.
Espero você assim, sem esperas e sem atrasos,
espero você como se espera a salvação.

16.09.10


Caber no teu abraço é prioridade.
Nascer no teu sorriso não é fatalidade.
Dormir no teu calor é veneno contra a tempestade.
E morrer no teu amor é como viver uma eternidade.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Que seja doce."

“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada.”
(Caio Fernando Abreu)


Não preciso de tudo, e nem quero tudo.
Quero só, de volta, um pouco do muito de mim que está com você.
Se não for trabalho demais, por favor - e que não seja - devolve meu coração que ficou contigo, desde uma época da qual prefiro não lembrar.
Lamento pelo vazio que causei em você, que causei em mim.
Vou continuar torcendo para que tudo seja doce, seja o tudo, o que for.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A gente só não quer que as pessoas passem.

"Há muita gente
Apagada pelo tempo
Nos papéis desta lembrança
Que tão pouco me ficou."
(Caetano Veloso)





A gente canta mentiras,
jura amores eternos,
tenta fazer do mundo um lugar melhor.
A gente sucumbe pensamentos,
ignora pessoas,
dispensa um amor,
acredita meio que sem querer.
A gente rasga cartas,
dramatiza,
sente o vento nos cabelos,
a gente deixa livre o que mais quer prender.
A gente esbarra nos planos,
tropeça no vão e se sente só.
A gente enxerga,
lê,
pensa,
se restringe ao passado.
A gente tenta chamar atenção,
tenta não se frustrar.
A gente é surpreendido pelo futuro,
joga tudo nas mãos do destino
e seja o que Deus quiser.
A gente arruma em que por a culpa,
conta piada de português,
topa com o dedo mínimo do pé
e solta um palavrão de dor.
A gente vive conforme os padrões.
A gente abre um vinho, 
enche uma taça,
se embriaga.
A gente esquece o que falou,
esquece o que viu,
só não esquece o que ouviu.
A gente até grita de raiva,
ou de desespero,
ou, sei lá, de alegria,
mas no fundo,
o que a gente quer, 
é só ter alguém 
pra sussurrar que tudo vai ficar bem,
ter alguém pra apoiar as mãos nos seus joelhos,
olhar nos seus olhos,
e dizer: segura a minha mão.
Na verdade, a gente só não quer que as pessoas passem.

Até que a morte nos separe.

Sinto o cheiro nos lençóis, que ainda me envolvem.
Eu continuo tendo medo - o mesmo medo de todas as manhãs - de abrir os olhos e não te encontrar na cama, de deixar de ouvir todas as noites, antes de dormir, sua voz num sussurro dizendo o quanto me ama.
Eu não quero perder esse doce que é ter você me dizendo que tudo vai ficar bem.
Preciso ouvir, todas as manhãs, você batendo as panelas e gritando: "Amoooor, o café tá pronto".
Preciso do seu desleixo, das suas toalhas molhadas deixadas na cama, das suas meias sujas no chão do banheiro, do lado do cesto. 
Eu gosto da sua vontade de viver, ela me faz querer ser mais eu; me faz querer viver também.
Eu gosto da sua forma pacífica de me dizer que não gostou do que eu fiz.
Eu preciso olhar o delinear de seus lábios no cair da noite, preciso ver o castanho dos seus olhos entrando em contraste com o branco da sua pele. Eu preciso de você aqui, me dizendo o que fazer, torrando a minha paciência com seus discursos de bom-moço&bom-filho&bom-amor. Eu preciso dos seus braços fortes e seus dedos longos, me apontando a direção dos meus sonhos, não é que eu seja dependente de você, é que eu quero ser.
Eu preciso das suas surpresas nos domingos pela manhã, preciso olhar no celular e ver um torpedo que diz: "Queria te lembrar o quanto eu amo você", preciso das flores escondidas nos lugares mais inusitados, preciso dos cartões colados no espelho do banheiro e dos corações desenhados no vapor do box.
Quero acordar com essa vontade de ser o melhor de mim, essa vontade de fazer você ser o melhor que pode.
Quero continuar assim, te amando como nunca amei pra sempre.
Quero me perder no seu abraço, me envolver no seu sorriso, ouvir tuas cores e ver teus sons.
Até que a morte nos separe.

Do filme: Hitch - Conselheiro amoroso

"E então, é isso que as pessoas fazem: se jogam. Pedindo a Deus para que possam voar."